Depois de alguns anos sem visitar a capital portenha, decidimos ir a Buenos Aires e vê-la com novos olhos: de bicicleta.
Não fomos para fazer “um pedal”, mas sim viver a cidade e o que ela tem de bom utilizando a bike para nos movimentar e chegar aos locais que desejávamos.
E por ser predominantemente plana, Buenos Aires é perfeita para esse tipo de passeio.
Nos hospedamos na região central da cidade e dali partíamos para os diversos pontos de interesse, que não eram necessariamente os pontos turísticos clássicos da cidade, mas pelos quais sempre passávamos enquanto tentávamos chegar aos nossos destinos.
Nos últimos anos a cidade desenvolveu uma ampla rede de ciclovias e ciclofaixas (las bicisiendas), que cobre uma vasta área de interesse de cidadãos e turistas.
Onde não existem áreas específicas para as bicicletas, pedala-se na própria via, com relativa segurança.
Com o mapinha das ciclovias na mão, rapidamente achávamos nosso caminho.
Às vezes também nos perdíamos propositalmente, desviando de nosso destino para observar um local interessante.
Bastaria encontrar um local seguro para amarrar as bicis e sair a visitar o museu, café, teatro ou restaurante que desejássemos.
O interessante de visitar a cidade de bike foi que fazíamos o caminho que desejávamos, passando rapidamente pelos trechos de cidade que não apresentavam qualquer atrativo.
O município tem um sistema público e gratuito de bicicletas compartilhadas para empréstimo, as ecobicis, disponíveis em diversas estações espalhadas pela cidade, semelhante aos sistemas que existem em outras grandes cidades do mundo.
Mesmo assim, para não nos preocuparmos com a logística de pegar e devolver em prazos de uma hora, decidimos alugar bicicletas com a empresa BA Bikes, ficando as bikes conosco durante todo o período que ficamos pela cidade.
A grande maioria das bicicletas que vimos andando pela cidade eram do tipo simples, sem marchas e sem marcas, para poder parar em qualquer lugar sem medo exagerado de ser roubado.
Outra coisa que nos impressionou foi descobrir que é perfeitamente possível andar de bike pela cidade sem estar “fantasiado de ciclista”, com roupas coloridas coladas no corpo, mas sim vestidos como “pessoas normais” (risos).
Todos os nossos deslocamentos foram feitos exclusivamente de bicicleta como meio de transporte, carro somente para ir e vir do aeroporto.
Museus, Cafés, Restaurantes, Teatros e parques — tudo de bike.
Nesse período não tivemos qualquer situação que nos colocasse em risco, como as tradicionais “finas” e “cortadas” tão típicas no trânsito brasileiro. Pelo contrário, vimos bastante respeito no trânsito.
Saímos para fazer um passeio e acabamos descobrindo na prática uma outra forma de usar a bicicleta, não somente como atividade desportiva ou lazer, mas como meio de transporte verdadeiro e útil para grandes centros urbanos.
Os dias estavam ensolarados, a temperatura estava agradável e a cidade estava linda.
Tudo saiu perfeito e retornamos felizes para o nosso lar.
Mas, como diz a letra daquele belo e profético tango de Eladia Blázquez, “Siempre se vuelve a Buenos Aires”.
Esta ciudad está embrujada, sin saber…
por el hechizo cautivante de volver.
No sé si para bien, no sé si para mal,
volver tiene la magia de un ritual.
Esperamos poder voltar muitas outras vezes, e de bike.
Links úteis:
Aluguel de bikes: BA Bikes
Bikes públicas da prefeitura: Ecobici