O litoral Gaúcho
O Rio Grande do Sul possui 623 km de praia, dividida normalmente em duas zonas: o litoral norte, o mais badalado, e o litoral sul, com a maior praia do mundo (Veja: Um pedal na maior praia do mundo, Do Cassino ao Chuí em 1 dia ).
Exceção feita somente nas praias do município de Torres com suas famosas falésias, o litoral gaúcho se caracteriza por longas extensões de praia, sem costão e com poucos acidentes geográficos.
Já realizamos vários pedais por essas bandas e sempre achamos motivos para voltar.
O Litoral Norte
O litoral norte gaúcho começa nos Molhes do Rio Mampituba, em Torres, na divisa com Santa Catarina e termina no Balneário Quintão, em um trecho de quase 150 quilômetros de faixa de areia.
Resolvemos percorrer todo esse trecho do litoral de bicicleta, iniciando exatamente nos Molhes, com um belo sol nascendo e seguimos no sentido sul tendo a visão da Guarita a emoldurar a paisagem inicial, que no amanhecer fica em tons dourados e é um espetáculo à parte.
Um detalhe interessante do litoral norte é que as postos de guarda-vidas são enumerados sequencialmente a partir dos Molhes de Torres e servem de localização ao longo da praia, embora mudem o formato dependendo do município que estão localizados.
E assim fomos pedalando a partir da casinha número 01 do guarda-vidas e a medida que o pedal foi avançando fomos passando pela casinha 10, 15, 20…
Pegamos um dia belíssimo para andar a beira-mar, com o vento soprando de leste e o mar numa coloração azulada que nos surpreendeu, pois dependendo do sentido que o vento soprar o mar pode ganhar uma coloração escura, quase viscosa, sendo apelidado de “chocolatão” pelos frequentadores daqueles balneários.
Uma praia e vários Balneários
A parte norte do litoral é o trecho mais urbanizado, conectando quase que continuamente um balneário no outro, exceção feita somente na região de Torres com Parque da Guarita e o Parque das dunas.
E no nosso pedal “panorâmico” vai passando Balneário de Torres, Rondinha, Arroio do Sal, Capão Novo, Capão da Canoa… Passamos sem saber exatamente onde termina um e começa o outro.
E toda essa urbanização se traduz em superpopulação durante o período de temporada, tornando impossível pedalar pela praia nessa época. É tanta gente que a praia vai sendo segmentada em área de pesca, área de lazer, área de surf…
Mas, passada a temporada, é um lugar interessante de se passar e observar as características locais.
Fora da temporada os pescadores se distribuem livremente ao longo de toda a praia, que vão cavando a areia para pegar algum tipo de molusco que depois usam como isca em suas varas de pescas.
Seguimos avançando no sentido sul, e passando os guarda-vidas 50, 60, 70…
De um modo geral encontramos praias bastante limpas, com uma grande quantidade de pássaros que se distribuem ao longo da costa, às vezes em grandes bandos, outras de forma solitária e bem distantes de seus parceiros de espécie.
Rota de Faróis
Além das casinhas dos salva-vidas outra presença marcante do litoral são os diversos Faróis da Marinha, cada um com seu formato e pintura características… São tantos faróis que muitos chamam esse trajeto como a rota dos faróis: Farol de Torres, Arroio do Sal, Capão da Canoa, Tramandaí, Cidreira, Berta…
E fomos avançando, em um intercalar de Faróis e Balneários, com pescadores à beira-mar e cheios de pássaros.
Decidimos realizar esse pedal com nossas fat bikes, de modo que, independentemente das condições da praia (areia fofa, maré alta ou vento contra) teríamos condições de concluir nosso objetivo. Mesmo assim, sabíamos que isso implicaria numa pedalada mais pesada e exigente, pois os pneus largos acabam dificultando um pouco mais a rolagem.
No guarda-vidas 137 encontramos o único obstáculo natural que nos afasta da praia nesse trecho do litoral: o rio Tramandaí.
Ali adentramos um pouco no balneário para cruzar a ponte e prosseguir pela praia.
Xangrilá, Imbé, Tramandaí, Cidreira…
E o sol começou a baixar e vimos o primeiro farol aceso.
Ao sul do litoral norte
Continuamos no sentido sul, agora já com o peso de um dia inteiro de pedal. As casas começaram a rarear e a luz de uma antena de celular nos enganou, achando que tivéssemos chegado ao nosso destino. Tínhamos somente chegado ao Balneário Quintão, onde termina o litoral norte.
E continuamos no sentido sul para o nosso local de pernoite.
Foram mais dez quilômetros pedalando a noite, quase que às escuras, pois desligávamos os faróis para poupar bateria por não sabermos o que nos aguardava ainda aquele pedal. Tentávamos avistar a luz do próximo Farol para nos guiar, mas não conseguíamos avistá-la. Mais tarde descobrimos que estava desligado por falta de manutenção.
E lentamente avançamos com nossas fat bikes por esses quilômetros finais até finalmente alcançarmos o Farol Berta, no pequeno balneário de Dunas Altas, que fica literalmente escondido entre as dunas.
Chegamos muito mais tarde do que pretendíamos chegar, finalizando os 140 km de areia da praia do litoral norte gaúcho.
Epílogo
No dia seguinte o vento havia mudado, a maré estava alta e o mar estava cor de chocolate.
Continuamos pedalando pela praia ainda no sentido sul, adentrando a região do litoral médio do Rio Grande do Sul, uma imensa área de litoral, vazia e desconhecida pela maioria dos gaúchos.
Avançamos por esse trecho não habitado e desconhecido até chegar ao Farol da Solidão, mas isso será outra história.
Informações Adicionais:
Registros no Strava:
Litoral Norte: Torres a Dunas Altas
Dunas Altas ao Farol da Solidão e Lagoa de Bacupari
Relive esse pedal:
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